quarta-feira, 11 de junho de 2014

 
 
Parabéns, mano querido.
 
Ontem completaste um quarto de século, e espantada olho para ti e nem me acredito, essa tua cabecinha loura de corte à tijela cresceu e fizeste-te um homem, bem debaixo dos meus olhos. O dia em que nasceste é provavelmente a memória mais antiga que carrego comigo. Mais antiga que o primeiro dia em que escrevi o meu nome sozinha pela primeira vez, e que eu jurava a pés juntos ser a mais antiga das minhas memórias. Mas não, tu vives cá dentro há mais tempo do que as letras e a vontade de as pôr juntinhas umas à outras. Não que me lembre de ti propriamente, nem te ver deitado no teu berço. Lembro-me de ti e do dia em que nasceste, porque quando te visitei já havia bolo de aniversário. Com os quatro anos que tinha, achei normal teres bolo assim acabado de nascer. Mas afinal o bolo não era teu, e sim da mãe, que fazia anos hoje, logo um dia depois de ti.
 
Parabéns mãe, temos saudades tuas. Ele não me diz, mas eu sei que não sou só eu.
 
Isto de seres a minha primeira memória tem que se lhe diga. A minha vida seria tão mais incompleta se não te tivesse por perto, se não me irritasses tanto às vezes, e se não me fizesses rir outras tantas. A verdade é que te amo o tanto que uma irmã pode amar um irmão, quando esse irmão é amigo, é parceiro, é a família mais chegada que nos resta. Esse irmão és tu, e pese embora a maior parte dos dias me apeteça gritar-te aos ouvidos todas as coisas boas que as manas mais velhas querem ensinar aos manos mais novos, nos outros dias todos gosto de ti e sinto-me uma privilegiada por te poder ter por perto, e por sermos irmãos e amigos. De seres a minha mais antiga lembrança, é daí que deve vir esta minha insaciável necessidade de te ver bem, de te saber bem, de te querer bem. E olha que os amores vêm e vão, a vida já no-lo ensinou bem. Mas este amor de irmãos, é daqueles que nem tempo nem distância apagam. É para sempre.
 
Por isso mãe, e apesar de hoje ser o teu dia, ontem foi o dia dele. E o mano cresceu, e sei que ias chorar de orgulho se o pudesses ver. Hoje sou só eu que tenho esse privilégio, e por isso desculpa se hoje te dedico apenas uma ou duas frases, mas não quero chorar a tua ausência, e sim festejar a presença dele.
 
Os dois de parabéns, os dois a encherem-me o coração, de amor, de saudades, de remota memória do que um dia foi a sombra de uma família (quase) normal.

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