terça-feira, 24 de setembro de 2013

Hoje podia jurar ter-te visto por duas vezes. Numa delas, pedalavas a 24 de Julho num corpo esguio e seco que não era o teu, envergando um blazer vintage em tons claros que jamais te imaginaria usar. Mas a barba, os óculos, as linhas perfeitas do rosto eram todos teus. Mais tarde passeavas-te ali para os lados da Madragoa, Rua das Trinas, não me falhe a memória. Distinto, aprumado, decidido. Não te reconheci nas atitudes, mas o corte, um trejeito ou outro e o movimento das mãos eram todos teus.

Dias há em que desapareces. Dias que encho de areia e de mar, de neblinas e de espuma, e como que encandeada do sol, não te desvendo mais nas esquinas nem nos cafés nem no meio da multidão. Outros de tal ordem são, que repetidamente levo os olhos na mesma direcção, forçando-me num acto de masoquismo a assumir que não és tu que estás lá, nem uma sombra de ti, nem sequer alguém parecido contigo. São meras reminiscência que a minha memória vai insistindo em projectar aqui e ali, maldosamente lembrando-me que ainda vives dentro de mim. 

Até quando, pergunto-me.

Sem comentários:

Enviar um comentário