domingo, 11 de agosto de 2013

Enquanto descia entorpecida(s) as escadas do teu prédio obscuro, não pude evitar uma viagem ao imaginário da minha infância, onde sonhava com prédios de escadas tímidas de madeira, corrimões enferrujados pelo bafejo do tempo, fachadas decrépitas, sapateiros enrugados de portas abertas no rés-do-chão. Saindo porta fora, abre-se-nos um dos bairros mais apelativos de Lisboa, esse capricho chamado Príncipe Real. Enquanto procurava não derreter no caminho até ao carro com os quase quarenta graus que se faziam sentir, uma panóplia de galerias de arte, lojas de rua centenárias, ateliers repletos de trajes apetecíveis, e velhos e novos rua acima, rua abaixo, uns deliciados, outros indiferentes.

Lisboa tem este poder de se me entranhar debaixo da pele, e dias há em que parece que a vejo pela primeira vez, de amor renovado e incondicional entrega. No caminho para casa, pergunto-me se alguma vez terei a coragem necessária de deixar esta cidade que me remexe tanto por dentro. Evito pensar nisso para já visto não ser necessário, e uma colina após a outra, chego a casa de sorriso nos lábios, mais apaixonada que nunca.

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